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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Porque gostamos de carícias

Por Alyson Muotri AQUI

Não dá para negar um cafuné (carícia). A maioria das pessoas curte relaxar ao receber um carinho ou massagem. O fenómeno não é restrito à nossa espécie.

Nada mais agradável do que ver seu cachorro ou gatinho de estimação se esparramar de prazer ao receber uma carícia na barriga ou fechar os olhos com um cafuné na cabeça. Recentemente, cientistas da Caltech, na Califórnia, conseguiram isolar neurónios que respondem ao cafuné.

O trabalho foi publicado na renomeada revista “Nature” em Janeiro desse ano e contribui para explicar por que animais, de ratos a humanos, gostam tanto de receber carícias. Descobrir quais são as redes nervosas que respondem a esse estímulo é importante, pois a troca de afecto físico é parte fundamental do comportamento de reforço entre relações pacíficas de indivíduos de um mesmo grupo social.

Pesquisadores já haviam descrito um subtipo específico de células nervosas sensoriais que se localizam logo abaixo da pele e que estão conectados directamente com a medula espinal. Para descobrir qual a função desses neurónios, o grupo da Caltech usou técnicas de engenharia genética para gerar um camundongo transgénico cujos neurónios fluorescem quando activados.

Esses animais foram então testados com diferentes estímulos sensoriais, tais como um breve belisco, uma rápida alfinetada ou uma carícia-massagem feita com um pincel suave. Pois bem, os neurónios foram activados e fluoresceram apenas com o último estímulo, a carícia. E mais, se o estimulo era muito superficial ou muito forte, não funcionava. Tinha que ser algo gentil, mas com efeito.

Em seguida, os cientistas criaram uma forma de activar esses neurónios quimicamente, com uma droga, e fizeram o seguinte teste. Primeiro colocaram alguns desses camundongos transgénicos numa gaiola com três quartos, interligados por passagens abertas.

Os animais podiam transitar livremente pelos quartos. No quarto da esquerda os animais tinham acesso à droga que estimulava os neurónios do cafuné e no da direita, uma droga não-funcional. Obviamente esses animais curtiram ficar mais tempo no quarto da esquerda, associando aquele ambiente com a sensação de prazer. O mesmo não aconteceu com camundongos selvagens, não-transgénicos, que não respondiam à droga. Com esse grupo não houve uma preferência por um dos quartos.

O trabalho mostra claramente que esses neurónios transmitem uma sensação de bem-estar para o animal que recebe o carinho. Isso explica o motivo de os animais gostarem tanto de se esfregar um nos outros, é prazeroso.

O trabalho não explica, por exemplo, porque os gatos gostam de se lamber, pois experimentos de auto-cafuné não foram feitos. Duvido que seriam os mesmos neurônios ativados. Em geral, comportamentos de “autocarícia” estão vinculados à limpeza e retirada de possíveis contaminantes, procedimentos que até as baratas fazem.

É bem provável que existam os mesmos neurônios em humanos. Há evidências de outros laboratórios que essas células nervosas sensoriais existam embaixo de nossas peles, mas ainda não existe prova definitiva. Se estiverem realmente embaixo de nossa pele, imagino que no futuro teremos a criação de uma pílula-do-cafuné, um tipo de droga que estimularia essa sensação de bem-estar. Hum…, não sei não, acho que ainda prefiro uma sessão de massagem tradicional.

Veja o vídeo (em inglês) que aborda a pesquisa da “Nature” clicando aqui.

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